A NOVA ARQUITETURA DE INTERIOR

A nova tendência da arquitetura expressa os valores dos proprietários e requer um envolvimento maior entre profissionais e clientes.

Publicado em: 19/11/2013
Desta vez, garimpando neste vasto mundo virtual, teci um link entre propostas de interiores distintas,  mas que têm algo em comum: a busca do afetivo, da emoção, e pelo elo que liga todas as relações humanas e o lugar em que vivemos, um décor que resgata a memória afetiva, através das texturas, cores  e símbolos impressos nos objetos, no mobiliário e na maneira de se dispor tudo isto, sem excessos!
Aquela memória agradável que nos leva às sensações de bem estar e que nos trazem algo de familiar ao olhar, confirmando que tudo que entra pelos sentidos fica guardado na memória. 


Ambiente de Giada Schneck, que desenvolve a arquitetura emocional na criação de seus espaços oferecendo, ao mesmo tempo, condições de ser pessoal, íntimo e social.

Olhando-se para qualquer país, reconhecemos as origens étnicas no seu décor, através de alguns objetos e características que distinguem um dos outros. É o que nos diferencia neste mundo tão globalizado, onde artistas e designers em atividade hoje (e me incluo nisto) têm uma enorme identidade entre eles, independentemente de fronteiras ou continentes: as motivações, as angústias e a necessidade de criação são as mesmas, "universalizam-se"!


Ambiente de Roberta Borsoi

Do mesmo modo que vivemos a globalização, são estas peças especiais de nossos avós e de nossa tradição, impregnadas de referências como arte populares e artesanato, que trazem em si a nossa estória, ao serem colocadas nos espaços, reforçam uma identidade cultural própria - uma linguagem  local.

O AÇOUGUE QUE VIROU BAR E CAFÉ
O designer de interiores alemão Michael Grzesiak aproveitou os azulejos que revestiam o teto de um açougue de mais de cem anos em Leipzig, Alemanha, para transformá-lo no charmoso bar e café 'Fleischerei' .





O designer fez bancos de ripas de carvalho e um balcão da mesma madeira com placas quadradas que aquecem o ambiente, trazendo um toque contemporâneo ao projeto que manteve as características  originais daquele espaço, com desenhos art nouveau que continuam ornamentando o local, assim como os azulejos Villeroy&Boch!
Michael é fã da estética modernista e marcante de Burle Marx e Lina Bo Bardi. Conseguiu trazer ao  ambiente uma memória retrô.  Do açougue que se transforma em BAR e CAFÉ, e substitui o 'cardápio' que hoje, que é bem diferente...

HI HOTEL DESIGN  - NICE  |  FRANÇA
Outro local super interessante é o Hi Hotel, localizado em Nice, França. O projeto de interior é da  francesa Matali Crasset numa proposta bem descolada, que segue o conceito urbano de "eco-allogio". Ela reaproveita os descartes de forma criativa, empregando-os com harmonia, nos espaços em comum, abusando das cores, formas e iluminação.
Outra característica legal: bicicletas também ficam sempre disponíveis na saída do hotel!



O hi-bar, coração do hotel, apresenta uma grande "cesta" de madeira que abriga um lounge e espaço para o Dj. E o conceito "eco/bio" se extende por todo hotel, seja no material dos uniformes dos funcionários, no shampoo vegetal disponível nos banheiros, ou na comida orgânica servida no restaurante...



 A proposta inclui ainda móveis "mutantes", que nos trazem a memória original mas com um novo 'look', assim como a inovadora proposta da não divisão de quarto-banheiro, que rompe a clássica disposição de quarto de hotel.



ARQUITETURA EMOCIONAL DE GIADA SCHNECK
A arquiteta de interiores italiana esteve em Brasília para nos falar sobre seu trabalho e a forma de materializar emoções, construindo ambientes singulares: "A casa é o espelho do nosso ser. Modelada de acordo com o nosso estilo de vida se transforma em um refúgio, fonte de beleza e de prazer que nos acompanha a cada dia com leveza e calor. Amo criar com paixão e profissionalismo uma casa “sob medida” para cada cliente e fazê-la única, como somente uma coisa assim tao íntima pode ser", diz Giada.



Giada Schneck, que atua na área há quase 30 anos, viu há mais ou menos 15 anos sua forma de trabalhar mudar totalmente – e consequentemente, seus resultados – quando incorporou o conceito de arquitetura emocional em seus projetos. “Sempre liguei arquitetura às emoções", afirma.



Ela transmite uma visão de mundo que expressa valores. Essa forma de compor o projeto, mais voltada para os desejos e personalidade do cliente em um planejamento mais sensível, é parte de sua evolução profissional  que amplia muito a visão de puramente "design de interiores”, como Giada afirma.
Para aprimorar esse olhar emotivo, ela participou de cursos de crescimento pessoal, de liderança e de programação neurolinguistíca. Todos esses recursos de expressão e entendimento humanos vêm sendo colocados em prática por ela, ao longo de mais de 15 anos de experiência junto, principalmente, às construtoras de Bolonha, onde atua em parcerias de projetos de apartamentos, desde a assistência à venda até a entrega do imóvel. Neste trabalho, a arquiteta desenvolve projetos capazes de otimizar ambientes e torná-los em espaços mais atraentes e funcionais, com maior possibilidade de venda para diferentes perfis de clientes, inclusive no que diz respeito a custos.



Segundo Giada, a arquitetura emocional é uma forte tendência na arte de construir e ambientar, que visa expressar a personalidade do residente e transmitir uma experiência sensorial para quem está no ambiente, ultrapassando a percepção racional das formas: “a ideia central deste trabalho é a materialização das emoções”afirma a arquiteta.
De acordo com a profissional italiana, o conceito tem relação direta com o design de interiores, que pensa beleza e funcionalidade simultaneamente. Porém, ele amplia a avaliação de composição do espaço, que passa a não ser mais projetado de forma tradicional, mas com a observação dos aspectos emocionais do cliente.
Na entrevista com Giada, ela diz que o arquiteto tem que buscar fazer uma análise mais profunda da pessoa, já que muitas delas não identificam com facilidade os aspectos internos que as motivam. “É preciso também levar em conta os hábitos de vida e as intenções de mudança para só depois, propor soluções e alterações funcionais”, explica a arquiteta.
E essas mudanças podem até ser mais simples do que qualquer um imagina: “alterando cores nas paredes ou em alguns móveis já é possível transmitir emoções e criar ambientes diferentes”, sugere Giada.
Para falar sobre arquitetura emocional, entre outros temas de seu trabalho, Giada realizou uma palestra em Brasília, promovida pela ABD/DF (Associação Brasileira de Design de Interiores), que aconteceu no dia 18 de novembro, em Brasília.

COMENTÁRIOS

  • Sabrina Balbi - 24/04/2016 13h35
    Gostaria de ter acesso a uma bibliografia sobre o assunto! Que livros me recomendariam?
  • Marco Seifert - 20/11/2014 17h16
    durante a palestra, Giada, que é de Tirrenia (a praia da cidade de Pisa) na Toscana, região que conheço muito bem e onde se tem um profundo sentido de viver bem, citou o exemplo do cazulo humano. È por esta razão, que considero a função do Profissional fundamental para o bom viver do habitante do cazulo. Emoções, lembranças, referencias antropológicas, desejos, até pequenas manias, tudo tem que ser compativel com o cazulo do ser humano que vive nele.
  • Bianka Mugnatto - 20/11/2014 00h39
    Enfim, o ato de projetar coloca o ser humano no ápice deste processo, onde ele e' interpretado não só com suas histórias, referências emocionais, mas sobretudo, no entendimento profundo de suas características psicológica! Respeito total a ele e ao seu espaço! Nos, Designers de interiores devemos assumir a posição de coadjuvante Tecnico e sensivelmente atento e capaz para que ele (nosso cliente ), domine totalmente seu ambiente !

FAZER COMENTÁRIO

* Campos obrigatórios. Seu email não será divulgado.