RESIDÊNCIAS DE ARQUITETOS

Em projetos autorais, os arquitetos Marcos Acayaba e Gui Paoliello criam verdadeiras obras de arte para morarem com suas famílias.

Publicado em: 11/03/2020
Em meio a um passeio por diversos projetos de arquitetura do Brasil e do mundo, o programa da GNT Casa Brasileira e sua quinta (e nova) temporada apresentam um espisódio especial sobre as residências dos arquitetos Marcos Acayaba e Gui Paoliello. As histórias, que envolvem a concepção e os bastidores dessas construções, são curiosas.
Marcos Acayaba é um importante nome da arquitetura paulista, formado em 1969 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Foi nessa mesma instituição que, em 2005, Acayaba concluiu seu doutorado e posteriormente se tornou professor. Já recebeu prêmios no Brasil e no exterior, como na Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo e na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires.



O arquiteto sempre foi muito envolvido em suas pesquisas, buscando novas formas de utilizar materiais já existentes e de trabalhar com outros não convencionais em suas obras. Por isso, é autor de projetos bastante representativos, como as residências Olga e Milan, reconhecidas internacionalmente e objetos de análise de diversas publicações mundo afora.


A incrível Residência Milan, construção de 1975, é o mais puro casamento entre projeto arquitetônico e natureza, elemento presente em todos os níveis da obra. Na foto, um pouco do lado externo da casa, fotogrado por Jomar Bragança.

O projeto da Residência Milan foi concebido para ser a casa de uma cunhada de Marcos, irmã de Marlene Acayaba, sua esposa. Quase no momento de conclusão da obra, no entanto, ela se separou do marido, mudando-se para a França, deixando pra trás a obra. Pelo laço criado com a construção, Marcos e Marlene decidiram comprar a casa, que tem sido uma das residências do casal (a oficial) desde então. A casa já esteve numa exposição, figurando dentre as obras de Arquitetura Brasileira: o Coração da Cidade – A invenção do espaço de convivência, no Instituto Tomie Ohtake, com curadoria de Julio Katinsky.


No amplo living da casa, completamente inundado com iluminação natural, é possível ver características marcantes do arquiteto, como o concreto aparente do teto e de outras estruturas que compõem o cenário. O mobiliário foi escolhido a dedo pelo casal Acayaba. Ao fundo, é possível ter uma visão geral do imenso jardim, que abrilhanta ainda mais o espaço. A foto é de Jomar Bragança.

Totalmente integrada à natureza, a residência utiliza bastante de concreto aparente e estruturas de madeira. A casca de concreto em arco apoia suas extremidades no jardim, e dá abrigo aos espaços internos. Dessa forma, se articula em três meios níveis, conseguindo fazer uma imensa área de convivência em comum. Uma vez que o projeto inicial não era a residência do casal, algumas adaptações tiveram de ser feitas, como a escolha de novo mobiliário e o controle de luz e umidade da casa, que precisariam resguardar os livros e as pranchas do arquiteto.


Neste outro projeto, a Residência Tijucopava, no Guarujá, em São Paulo, é possível ter mais uma visão geral do trabalho do arquiteto. Com formas geométricas em evidência, a casa propicia uma integração total com a natureza, uma vez que consegue preservar praticamente todas as espécies nativas da Mata Atlântica do terreno. É outro obra de Acayaba que ganhou projeção internacional, sendo uma das 4 casas brasileiras incluída na lista das 100 casas mais inovadoras do mundo, num livro publicado na Europa. A foto é de Nelson Kon.

Já Gui Paoliello é arquiteto e urbanista graduado em 1978 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Desde então, vem realizando diversos trabalhos nas mais variadas áreas pertinentes à profissão, como reformas e recuperações, urbanizações, edificações, projetos de interior, mobiliário, paisagismo, instalações, exposições e montagens de cenários. Trabalhou em parceria com o arquiteto André Vainer até maio de 2009, quando optaram por abrirem seus próprios escritórios, tocando os novos projetos com novos parceiros e equipes.



A carreira de Paoliello é marcada por diversas premiações nacionais e internacionais. Foi destaque e teve trabalhos premiados no Instituto de Arquitetos do Brasil nos anos 2000, 2002 e 2004, além de receber também o Prêmio Master Imobiliário em 2000. Sua obra foi premiada nas edições II, IV, VI E VII da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo e também na TOP XXI da Revista Arc Design, em 2007. Em 2013, recebeu o prêmio Best Interiors of Latin America and the Caribeean na premiação da International Interior Design Association (IIDA).
O profissional possui grandes obras residenciais, todas em incrível sintonia com a natureza. A casa do arquiteto, a Residência Granja Viana, em São Paulo, celebra um resumo de seu olhar arquitetônico. No projeto, Gui Paoliello faz a união perfeita entre meio ambiente e arquitetura, fazendo uma harmônica combinação entre madeira, vidro e concreto. Aliado a isso, o paisagismo criar o ar perfeito para um refúgio mais que ideal. Construída para o casal e dois filhos já crescidos, o partido do projeto prezou pelo conforto e amplitude.


Prezando pelo conforto e pelo espaço, o projeto da Residência Granja Viana celebra o trabalho do arquiteto Gui Paoliello. Na construção, é possível ver a abundância de materiais sustentáveis e a incrível utlização da madeira e do concreto de forma harmônica. Foto: Gui Morelli.

O amplo terreno – com 2.172 m² - com a significativa área verde mantida ao redor da obra, transforma a residência numa espécie de retiro particular. A cobertura do segundo piso é um dos diferenciais do projeto, que segundo o profissional teve a intenção de transformar os espaços internos com a suavização das curvas, e nortear o escoamento pluvial pelas laterais, sem a utilização de calhas.


Na varanda da casa, o cenário criado consegue dialogar de forma totalmente integrada com a natureza. Algumas espécies foram mantidas da vegetação original, e outras escolhidas a dedo por Gui Paoliello. A foto é de Gui Morelli.

A construção teve um aproveitamento grande de materiais naturais, sintetizando uma tendência ao verde, apropriada ao espaço e valorizada pelos proprietários. O projeto do paisagismo que circunda a casa, manteve espécies nativas e contou com outros exemplares escolhidos pelo arquiteto, como o maciço de pendão-azul e a tumbérgia-azul-arbustiva. Na escada que dá acesso à área interna, estão dispostas lírios-do-amazonas, amamélis, grama-preta e renda-portuguesa.