A ORIGEM DO COBOGÓ
O Cobogó voltou com força total no design de interiores e em jardins como o do paisagista Alex Hanazaki.
Originalmente em concreto, o cobogó foi criado e patenteado em 1929, pelo comerciante português Amadeu Oliveira Coimbra, o alemão Ernst August Boeckmann e o engenheiro pernambucano Antônio de Góes. Os três moravam em Recife, no início do século, trabalhavam na construção civil, e a criação foi uma solução para amenizar as condições climáticas no interior das casas nordestinas, e levantar paredes sem vedar a entrada de ar no ambiente. Uma ideia simples e barata, que se popularizou rapidamente, passando, nos anos 1940 e 1950, a ocupar também o interior de casas, servindo como divisória de ambientes. Adotado pela arquitetura modernista, esse recurso passou por mutações, e foi muito usado na construção da nova capital, sendo facilmente encontrado em casas e prédios públicos do plano piloto.
Parque Eduardo Guinle, por Lúcio Costa, Rio de Janeiro, 1954.
Residência por Lúcio Costa, no parque Eduardo Guinle, Rio de Janeiro – Foto: Nelson Kon
Casa Cobogó, de Márcio Kogan (Foto: Nelson Kon)
Mesa dos irmãos Campana, inspirada nos Cobogós.
Bliblioteca Nacional de Brasília, de Oscar Niemeyer
Espaço projetado pelas designers de interiores Liliane Barreiros, Rosangela Pauli e Carla Amstrong.
Projeto de Luiza Bohrer
O CHARME DO COBOGÓ :
Patenteada nos anos 1920, originalmente em concreto e cerâmica esmaltada, o cobogó é uma criação do comerciante português Amadeu Oliveira Coimbra, o alemão Ernst August Boeckmann e o engenheiro pernambucano Antônio de Góes. Os três, residentes em Recife e com ofício na construção civil, buscavam uma forma de erguer paredes sem cobrir totalmente a entrada de ar. Não demorou a que a ideia se popularizasse. Interessante ressaltar que o nome da invenção se deu pela junção da primeira sílaba dos sobrenomes dos seus criadores.
Apesar do surgimento no Nordeste, a inspiração árabe, o cobogó foi amplamente difundido pelo arquiteto Lúcio Costa, que inseriu referências coloniais ao inserir o item em suas obras. Brasília é um exemplo da versatilidade e da força do cobogó na década de sua construção, com diversas casas e prédios com a estrutura em destaque. Os edifícios erguidos super quadras sul e norte da capital federal entre os anos de 1960 e 1970 trazem os cobogós em substituição aos brises nas fachadas posteriores. Sua utilização representa mais volumes às estruturas, que inicialmente chamavam a atenção por sua uniformidade.
No mesmo período em que os cobogós de concreto davam a cara de Brasília, espalhando-se pelos quatro cantos da cidade, eles começaram a aparecer também nos projetos de interior em diversas partes do Brasil. Eles, então, deixam de ser elementos somente encontrados em varandas, corredores e fachadas, mas se tornam opções de divisórias, contribuindo para ampliar e dividir espaços, assim como para uma melhor ventilação em apartamentos.
Para a empresária Fernanda Bastos, nome à frente da Munó Acabamentos, o cobogó encanta por suas muitas funções. “Estudamos muito este segmento de produto, e descobrimos que seu uso em países tropicais é ainda mais interessante, pois com a incidência solar, ele se torna uma luminária urbana, com suas sombras desenhando no piso o estilo do projetado”, garante. Ela ainda complementa que não vê a tendência se dissipar tão cedo.
Por possibilitar tantas repaginações, o cobogó é uma excelente opção para imprimir a personalidade do morador na decoração, como indica a empresária. Nos ambientes internos, ele pode ser colocado próximo a uma parede espelhada, por exemplo, o que vai dinamizar o layout e ampliar o espaço. Uma opção bastante refrescante e sofisticada muito utilizada é o cobogó com cortinas de voil por trás. Outra alternativa que garante aconchego e frescor é o uso do cobogó junto do projeto paisagístico, de forma que as plantas possam ser vistas através da peça.
A versatilidade do cobogó garante um leque infinito de possibilidades, mas algumas ressalvas podem ser interessantes para melhor aproveitamento do item. É de extrema importância realizar um estudo sobre o local em que o cobogó será inserido, assim como analisar as particularidades do material escolhido para a estrutura. “Os (cobogós) de cerâmica e madeira não lidam muito bem com sol e chuva, mas ficam maravilhosos em ambientes internos despojados. Os cimentícios têm uma espessura maior, e ficam lindos interna e externamente”, aponta Fernanda.
Você pode saber mais sobre este universo amplo e criativo do Cobogo, conheça nosso artigo A origem do cobogó. Clique aqui!
Projeto com cobogós em área externa assinado pela arquiteta Camila Oliveira
Cobogó harmonizado com paisagismo neste projeto de Aline Santos
O arquiteto Leo Romano apostou no tom de branco os elementos vazados neste projeto
A arquiteta Luciana Duarte utilizou o cobogó na parede deste projeto, deixando a área externa à vista da interna
A profissional inseriu o cobogó como divisória e apostou no amarelo para aquecer o layout
Em azul, cobogó serviu como estrutura para este pavilhão em Brasília
Edifício de Brasília com fachada inteiramente estruturada com os elementos vazados
Edifício em Brasília com dinamismo geométrico por meio dos cobogós na fachada