Museu da Língua Portuguesa

Um museu de grande escala, à imagem da tipologia da estação, assim pode ser definido o Museu da Língua Portuguesa ...

Um museu de grande escala, à imagem da tipologia da estação, assim pode ser definido o Museu da Língua Portuguesa implantado na Estação da Luz, de autoria de Pedro e Paulo Mendes da Rocha. A intervenção dos arquitetos em um prédio histórico, tombado e que ainda mantinha seu uso como estação de trem, foi um desafio que resultou em um dos espaços mais interessantes para se visitar em São Paulo, tanto pela proposta do museu interativo, como pelas soluções arquitetônicas realizadas.
 
Era necessário realizar o projeto sem interromper o fluxo de pedestres e passageiros pelas três passarelas sobre o trem, na cota da rua; não interferir na arquitetura do saguão central, espaço articulador desse fluxo; e, ao menos em princípio, não mudar qualquer registro material, independentemente da escala, da ala que ficou a salvo do incêndio de 1946 (a oeste).
 
Os arquitetos organizaram a setorização do museu como um pórtico que se estende por todo comprimento do segundo andar. No térreo, ela se resume aos pátios laterais. Assim, a visitação acontece de cima para baixo, pois o funcionamento da estação permanece normal. Para resolver o problema da circulação vertical, as antigas escadas e pequenos elevadores foram substituídos por quatro novos elevadores de maior capacidade (35 pessoas). Os elevadores foram posicionados acima do passeio público pouco mais de um metro, distância mínima exigida para o poço técnico. Para elevar a cota dos pátios laterais, foi colocada uma laje de concreto em frente às bilheterias.
 
A inserção dos elevadores necessitou abrir grandes vãos nas lajes do edifício para criar a torre de circulação. Uma nova caixa de escada com dispositivos eletromagnéticos foi colocada, funcionando também como rota de segurança. Sobre os pátios foi implantada uma cobertura de metal e vidro (quadriculada), sustentada por quatro pilares que foram apoiados sobre as paredes do subsolo. O desenho lembra a da Pinacoteca.
 
O projeto conseguiu transformar espaços labirínticos e isolados em uma extensa sala que percorre todo o comprimento da edificação. Esta grande galeria é um túnel escuro onde são projetadas imagens, localizada junto à fachada posterior. Segundo o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, a galeria não é grande nem pequena, tendo o exato tamanho da estação.
 
O programa do museu posicionou no terceiro andar, que foi construído nas alas leste e central após o incêndio dos anos 40, um auditório e a Praça da Língua. As lajes deste espaço foram abertas e o telhado restaurado. Este local, antes inacessível, foi aberto à visitação.
 
Ficha técnica:
Localização: São Paulo-SP
Área: 7240 m² construída
Data: 2000/2006
Projeto de Arquitetura: Paulo Mendes da Rocha e Pedro Mendes da Rocha
Projeto museográfico: Ralph Appelbaum Associates
Fotos: Lara Urien