Retorno às cavernas

“Acho que conseguimos um design atemporal. Não tem identidade, mas personalidade”, afirma Gabriel Moreno sobre o ambiente Copa Cozinha da Casa Cor Bahia

Publicado em: 11/05/2015
Foto: Xico Diniz

Jardim Vertical traz plantas comestíveis para complementar a beleza do verde com sua funcionalidade dentro do conceito do décor

O fogo, as pedras e o alimento. Três elementos diretamente ligados à história da humanidade desde os primórdios são consagrados como essenciais na leitura do Escritório Caldas Moreno Arquitetura e Design da Copa/Cozinha, campeã da Casa Cor Bahia 2013. Gabriel Moreno de Carvalho Araújo e Aiac Steinfenis Sacramento Caldas - os dois sócios diretores da empresa são graduados em arquitetura e urbanismo e realizam projetos que geralmente privilegiam e integração entre interno e externo. Nesta edição da mostra, eles mergulharam pelos meandros da evolução conceitual do espaço de produção alimentar, desde as cavernas até a atualidade para entender como representar com maior conforto e sensilibidade o ambiente culinário. O resultado merece ser revisitado, conforme faremos nesta matéria.

“Fizemos um estudo sobre como a cozinha chegou em conceito até os dias atuais. Desde quando o homem ainda se reunia em volta do fogo para se alimentar, passando pelo século 16, quando pela fumaça a cozinha era instalada de fora das casas até o século 19, quando começou a participar do ambiente interno das residências”, explica Gabriel sobre a inspiração que guiou o projeto.

Foto: Xico Diniz

Iluminação tem papel determinante para tornar o ambiente intimista. Opção por incidência indireta neste projeto

Segundo ele, o ponto inicial do design foi a ilha gourmet. Proposta em mármore ônix, a bancada conseguiu uma propriedade translúcida que possibilitou aos decoradores trazer o elemento luz para dentro do balcão. A refração da luz pela pedra remeteu ao fogo de forma inteligente e criativa. O arremate do retorno semântico à caverna ficou por conta do cimento queimado que cerca balcão de pedra, piso e conduz até o ambiente externo, simulando pedra e integração, conforme conta Aiac. “O cimento queimado faz uma volta por todo o ambiente também para remeter à caverna. Ele tem várias funções e também fez o papel de integrar os espaços dos 39 m² da instalação”, esclarece.

Foto: Xico Diniz

Couro, Pedra, Madeira, Plantas. Elementos naturais dão o tom para este design de interiores

A luz é um dos elementos essenciais na caracterização deste espaço gourmet, sempre indireta e intimista. Apenas alguns pêndulos pendurados sobre a bancada incidem luminosidade direta. Mas o grande show da dupla ficou por conta do jardim vertical. Mais do que ornamental, o elemento verde tem papel funcional nesta composição. O jardim vertical é uma mini horta onde foram plantadas ervas, boldo, cidreira, tomatinhos, pimenta e pimentão. Algumas bromélias, samambaias e outras plantas não comestíveis foram adicionadas para efeito complementar.

“Gostamos de trazer luz, natureza, cheiros para dentro do ambiente. Materiais naturais trazem um conforto maior. Neste caso, foi essencial porque o verde trouxe aconchego para um ambiente que não tinha nem janela - instalação da mostra Casa Cor Bahia de 2013. Acho que conseguimos um design atemporal sem identidade mas com personalidade”, finaliza Gabriel Moreno em entrevista exclusiva para o Anual Design.

COMENTÁRIOS

  • Andréa Teles Prates - 13/05/2015 09h06
    Tive a oportunidade de visitar o espaço e fiquei encantada. Era moderno, aconchegante, diferente de tudo que costuma-se ver por aí. Projeto de muito bom gosto.

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