CONSTRUINDO COM TERRA

Publicado em: 08/07/2014
Estas são duas abordagens diversas sobre a construção com terra. Dois perfis diferentes, mas com algo em comum: muitos anos de experiência com arquitetura sustentável. Trata-se de um arquiteto e professor alemão e um colega empreendedor americano. Por questões comerciais e até culturais, a construção com barro não tem a devida difusão. Mas por que é tão importante assim? Pois acontece que na atualidade um terço da população mundial mora em casas de terra, em quase todos os climas tropical-seco e temperados do mundo a terra foi o material de construção dominante. Deixando de lado os preconceitos, os produtos de barro tem qualidades de conforto ambiental, e ainda poupamos a energia empregada no forno quando fabricamos concreto o tijolos.


Prédio de escritórios em Nova Délhi, na Índia.

O arquiteto Gernot Minke desenvolve suas atividades no Laboratório de Pesquisa de Construções Experimentais da Universidade de Kassel, na Alemanha. Seus trabalhos incluem diversas formas de construção com terra, blocos de palha, bambu, telhados verdes e jardins verticais, e ainda construções resistentes aos terremotos.


Seminário de Minke em 2009 na PUC do Rio de Janeiro. 

O prédio de escritórios em Nova Délhi foi construído para demonstrar que as edificações desenhadas com abóbadas e cúpulas de blocos de terra produzem um melhor clima interior, e podem ser uma alternativa mais econômica que as tradicionais lajes de concreto horizontais. O prédio necessita calefação e refrigeração, para isso utiliza um engenhoso túnel com profundidade de 3,50 metros. Dessa forma, a temperatura da terra se mantém quase constante a 25º C, suficiente para impulsionar o ar com ajuda de dois ventiladores, fornecendo aquecimento e arrefecimento. A poupança de energia, se comparado a um prédio de porte similar com equipamento de ar-condicionado, é de dois terços.


Creche na Alemanha, com uma cúpula central de 10 metros de luz sobre um hall de múltiplos usos, construída com blocos de argila extrudada. A edificação energeticamente eficiente está coberta com uma capa de terra e ervas de 15 centímetros de espessura. Os blocos extrudados numa olaria têm uma forma arredondada, o que lhes confere ótimas propriedades acústicas.

O arquiteto Michael Reynolds é chamado do “garbage warrior”, o guerreiro dos resíduos. Ele desenhou e construiu no mundo todo mais de 300 casas solares auto-suficientes, batizadas de Earthships (em português: navio terrestre).



Uma casa autossuficiente é capaz de produzir todo o necessário para a subsistência, como eletricidade, água, climatização, e até os alimentos. Ele criou assim uma casa 100% sustentável. O desenho dela é norteado por seis critérios: materiais de construção naturais e reciclados; energia elétrica solar e eólica; produção de alimentos; calefação e refrigeração geotérmica e solar; coleta das águas de chuva e tratamento do esgoto.



Os muros das casas são feitos com pneus fora de uso recheados de terra compactada e têm capacidade estrutural atuantes como armazenadores de calor. A energia da Earthships é fornecida por painéis fotovoltaicos e um aero-gerador. Estas casas autossuficientes empregam 45% de materiais reutilizados, como plástico, madeira de demolição, gesso natural e pedra, e ainda peças de metal recuperadas de máquinas de lavar e geladeiras.

Assista abaixo o vídeo de workshop de Gernot Minke que nós da Anual Design separamos para vocês:

COMENTÁRIOS

  • Rolando Alvarez - 15/07/2014 09h43
    Na verdade voltando as origens. A história da humanidade é feita destas idas e voltas. Estas técnicas são antigas e vejo com muito agrado que profissionais dediquem tempo para aprimorar e tornar mais bonita uma habitação como este tipo. Parabéns pelo artigo.

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