SHIGERU BAN, O NOVO GANHADOR DO PRÊMIO PRITZKER

O ganhador do prêmio mais disputado da arquitetura mundial da edição 2014 e sua arquitetura efêmera.

Publicado em: 07/05/2014
Entre suas casas modernistas e sua arquitetura humanitária para os atingidos por catástrofes, Shigeru Ban acredita que o prêmio Pritzer 2014 lhe tenha sido concedido graças a segunda opção, e humildemente contesta seu mérito. O japonês, pouco conhecido no Japão, acredita que o júri da Fundação Hyatt o tenha escolhido, não pela sua obra, mas por estar no caminho certo, e enxerga este prêmio como uma forma de incentivo.


Pavilhão Japão, Expo 2000 - Hannover, Alemanha


Projeto humaniário

Este caminho, segundo Ban, é um caminho esquecido por muitos arquitetos hoje, que é o da arquitetura a serviço da humanidade. Apesar de seu notável traço modernista em belas casas arejadas e grandes obras públicas, foi o seu fascínio por materiais de baixo custo que o levou a desenvolver incríveis casas de papelão, que têm sido de fundamental utilidade em situações de catástrofe natural ou guerras.


Projeto humaniário

A escolha pelo arquiteto, é um duplo sucesso para o Japão no prêmio mais importante da arquitetura, uma vez que Shigeru Ban sucede ao compatriota Toyo Ito, vencedor do ano anterior. Na verdade, desde a sua criação em 1979, é a sexta vez que o Nobel da arquitetura honra um japonês. A cerimônia do prêmio acontecerá dia 13 de junho, no Rijks Museum em Amsterdã.


Nine Bridges Country Club-Clubhouse - Jeju Island, Coréia do Sul

O ARQUITETO



Nascido em Tóquio, em 1957, fez seus estudos de arquitetura nos Estados Unidos, no Southern California Institute of Architecture em Los Angeles e depois na prestigiada Cooper Union School of Architecture em Nova Iorque, que é uma escolas mais seletivas do país, da qual ele sai graduado em 1984. Por esta razão, ele afirmou que a "educação americana" que recebeu o distingue radicalmente de seus mais recentes antecessores japoneses, os vencedores do Pritzker Toyo Ito e, em 2010, Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa (Sanaa). O arquiteto, que foi membro do júri entre 2001 e 2009, aprendeu que em arquitetura, a nacionalidade dos vencedores do Pritzer nunca foi algo de grande importância.


Catedral Christchurch Cardboard - Christchurch, Nova Zelândia

Pouco conhecido no Japão, ele assinou uma série de residências particulares, entre os anos de 1980 e 1990, onde estruturas de concreto geométricas e minimalistas abrem-se sobre o espaço circundante - uma delas só é fechada por cortinas de lona enorme e esvoaçantes que dançam com o vento. Isso, antes de se dedicar a projetos muito menos lucrativos.
Insatisfeito com as finalidades particulares do seu trabalho, Shigeru Ban desejava arquitetar em prol dos necessitados. Passou então a questionar seu papel como arquiteto, e se dedicou a pesquisar formas mais baratas de construção. Quando uma catástrofe assola uma região, a palavra que mais se escuta é “reconstruir”. Um arquiteto é então imprescindível. Quando em 1995 soube de um terremoto em Kobe, província japonesa, Shigeru já tinha em mãos uma solução imediata. Ele havia desenvolvido tubos de papelão resistentes o suficiente para construir moradas provisórias em casos emergenciais. Sempre junto a seus alunos, Ban construiu moradas provisórias que abrigaram com muita dignidade aqueles que haviam perdido quase tudo. 


Projeto humaniário

Essa mudança brutal na carreira, lhe rendeu o cargo de Arquiteto Conselheiro do Programa de Refugiados da ONU entre 1995 e 1999. E desde então, sua energia e criatividade têm sido basicamente aplicadas nesse objetivo. No Peru, no Haiti, na Ruanda, ou na Nova Zelândia, onde completou em 2013 a Christchurch Cathedral, a qualidade do seu trabalho excede todas as expectativas. O ganhador do Pritzer conta, que além das moradas provisórias, ele já encontrou a necessidade de construir templos religiosos para as vítimas. O conforto espiritual nesses momentos é tão importante quanto a casa ou a comida. Sua Igreja construída em 5 semanas em Nova Zelândia, já foi transportada e remontada em outra área de catástrofes.”Minha atividade nessas áreas de desastre foi, em grande parte, considerada pelo júri do prêmio Pritzer”, acredita o arquiteto, “especialmente porque em meio a esse contexto tão difícil eu soube levar beleza”. 
Surpreendentemente a qualidade de suas moradas efêmeras tem perdurado anos além do previsto, e os novos habitantes, muitas vezes, as incrementam com madeira e argila.
Shigeru Ban, recentemente construiu o Centro George Pompidou de Metz, na França, e para seguir de perto a obra, ele instalou um escritório móvel no telhado do Museu George Pompidou de Paris. Atualmente ele reside ainda Paris onde acompanha as obras da Cité Musicale.


Centre Pompidou-Metz - Metz, França

Sua arquitetura efêmera tem servido também a projetos de pouca durabilidade, como, por exemplo, pavilhões de exposições, onde uma enorme estrutura é levantada por um curto período, não fazendo jus ao investimento em material.