DESIGN COM ATITUDE

A bela ação de resgate, tratamento e adoção de animais abandonados por duas profissionais da área de arquitetura e design de Goiânia.

Publicado em: 11/02/2014
Quando acreditamos que podemos colaborar para um mundo melhor, logo nos vem à cabeça a agenda cheia de compromissos e as prioridades das nossas vidas. É como se fosse necessário um esforço sobre-humano para contribuir com uma vida mais justa e leve e, muitas vezes, esse pensamento nos assusta ou incomoda e acabamos por abandonar essas nobres intenções. Mas nem todos são assim, claro. Mesmo contra todas adversidades, duas profissionais da área de arquitetura e design de Goiânia conseguiram driblar esses pensamentos negativos e as muitas tarefas diárias para dedicar uma boa parte do seu tempo, e dinheiro, para uma bela causa.
Mariela Romano e Aracelly Cantuário trabalham de forma independente, mas têm em comum o fato de sempre terem sido apaixonadas por animais. E desse amor nasceu a vontade de ajudar aqueles bichinhos que estão na rua, sofrendo com o abandono e com o descaso de muitos. “Desde pequena amo cachorros - confesso que tenho mais afinidade com cães. Porém, sempre fiquei revoltada e procurei briga com garotos com estilingues que perseguiam gatos e cavalos. Não posso ver nenhum animal ser mal tratado que tenho vontade de dar uma lição em quem o faz e pegar o animal para mim (quem dera eu pudesse)”, explica Aracelly.



Tamanho amor pela vida animal levou-as a ajudar ONGs, grupos protetores independentes e fazer trabalhos comunitários de resgate, tratamento e adoção de cachorros abandonados. Mariela, por exemplo, começou adotando um cãozinho abandonado e depois não parou mais. “Eu tinha umas vizinhas que pegavam cachorros de rua e traziam para um apartamento delas que estava desabitado. Um belo dia encontrei com uma delas na rua e ela me disse que estava com dois filhotes de mestiços de poodle no carro que tinham sido abandonados. Quando peguei uma delas não consegui mais largar! Era tão linda que se chama Belinha e hoje está com 8 anos”, relembra a arquiteta. Depois vieram a Mel e a Nina, todas adotadas.
É importante ressaltar, no entanto, que essa ajuda não se limita apenas à adoção. Ambas profissionais empenham-se no resgate e no tratamento dos bichinhos abandonados. “Geralmente dá trabalho capturar um animal de rua. Pode levar horas ou dias. Andamos em meio a carros em avenidas movimentadas, muitas vezes somos agredidos verbalmente, entramos no mato, somos mordidos, e, às vezes, feitos de bobos. Quando conseguimos pegá-los, vem o transporte até uma clínica, se ele necessitar de tratamento (como cães atropelados ou muito debilitados), o que inclui exames, medicação e muitos cuidados”, relata Aracelly. É uma despesa grande até o animal estar pronto para ser castrado e começar a triagem de um lar definitivo.



Fora as muitas horas gastas no Facebook, visitando páginas voltadas para esta causa. É fundamental ficar atento às noticias divulgadas nas redes sociais de grupos como Protetoras Independentes de animais, Vida lata, Miau Au Au, Recanto dos Pit Buls, Grupo Protetores Independentes Goiânia e o Hammã e ainda divulgar casos que chegam ao seu conhecimento, trocar informações e conversar com pessoas para se disporem a ajudar.
Todo este forço, de acordo com as duas profissionais, não se compara à gratificação de ver o animalzinho adotado bem cuidado e amado. “Isso não significa que ele tenha que dormir na cama, por exemplo, mas receber abrigo adequado, comida e cuidados é indispensável”, conta Aracelly. Já Mariela faz um alerta: “Espero que as pessoas que não gostam e não querem os animais entreguem-os para uma adoção segura, ou que nunca peguem um bicho para criar, pois maltratar é o pior dos atos”.
Se você se interessa em ajudar, são várias as opções. Toda e qualquer contribuição, seja em dinheiro, ração ou remédios, são muito bem-vindas e mesmo quem não quer ter um animal pode doar para ajudar. Caso seja da sua vontade, adote ou ofereça lares temporários para ajudar na recuperação de animais. Divulgue posts nas redes sociais, marque os amigos no Facebook. Dá para fazer o bem sem ter que sacrificar a agenda lotada.

"Este é o Mosh no dia que o resgatei logo após seu atropelamento. Estava na clinica Villa Felícia, que é 24h e também me ajuda sempre que preciso", disse Mariela.


Mosh tomando soro e se recuperando, no dia após ao resgate.


"Esse foi o dia e hora da entrega do Mosh à família que o tinha perdido. Na frente está a veterinária Rafaela e os outros dois são os donos. Após a postagem da foto do Mosh nas redes sociais conseguimos encontrar seus donos. O cachorro estava perdido há 40 dias, vagando na rua. Ele mora perto do CEPAL da Rua 115 e foi encontrado por mim em uma das avenidas da Vila Redenção", explica Mariela Romano

“Hoje toda ajuda é pouca. São milhares de animais nas ruas e não temos nenhuma política pública para prevenir ou sanar este problema. O governo e a maioria da sociedade se omitem. Ouvimos até programas de rádio com comentários idiotas de que estamos supervalorizando animais, até mais do que pessoas, quando o foco deveria ser o menosprezo das pessoas umas pelas outras. Creio que temos que começar por algum lugar e acredito que cada um recebe um dom, alguns para cuidar de animais, outros de idosos, outros crianças etc”, finaliza Aracelly Cantuário.

COMENTÁRIOS

  • Rita. Azem - 11/02/2014 22h41
    Matéria interessante e necessária, lembrando que resgatar animal exige muito mais que paixão por animais! A responsabilidade por assumir uma vida que precisa de cuidados ( as vezes muito caros) é enorme , e frequentemente eles sofrem um segundo abandono, porque infelizmente cães e gatos tem sido tratados com objeto! Beijos Mariela e Aracely! 💋🐾❤️

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