A AMAZÔNIA DE ARAQUÉM ALCÂNTARA

A paixão de um fotógrafo brasileiro pela natureza e sua busca incessante pela conservação do meio ambiente.

Publicado em: 23/10/2013
Quando está em ação pelos rios ou nas trilhas mundo afora – com as mãos normalmente bem equipadas de modernos equipamentos fotográficos - Araquém Alcântara sabe, como ninguém, respeitar o silêncio da natureza em busca daquilo que define como “o momento decisivo”. O clique certeiro, nas palavras do único profissional que tem em seu currículo a documentação de todos os parques nacionais, “pode levar horas e até dias para sair”. Mas a espera traz memoráveis lembranças e ensinamentos sobre a realidade brasileira. Prova disso são os 5 prêmios internacionais conquistados, as 32 nacionais, as 75 exposições e inúmeras edições publicadas em ensaios e reportagens especiais no Brasil e no exterior.



Nos inúmeros cursos de fotografia e workshops que ministra aqui e em diversos países – como o fez no Pantanal, ou mais recentemente no continente africano - o catarinense radicado em São Paulo não esconde a paixão que o move e o inspira. Aos 60 anos, seu tom de voz muda e os olhos brilham a cada vez que pronuncia a palavra Amazônia. E será este o foco de seu trabalho nos próximos anos, antecipa Araquém, recém-chegado de mais uma expedição pelo Amazonas e Pará. Mais que simplesmente fotografar, ele quer mostrar ao mundo a cultura amazônica pelas suas singularidades expressas na fauna, flora, gastronomia, arte e cultura, sob a ótica dos que vivem e dependem da floresta.



Aprendizado pela emoção

A fotografia, na visão de Araquém Alcântara, tem como função precípua abrir os horizontes e conscientizar os que a contemplam. Isto é feito com o recurso adicional da emoção. Ao causarem impacto, trazerem alegria ou, até mesmo, quando entristecem o observador, as imagens feitas por Araquém conseguem atingir seu objetivo maior: aproximar as pessoas das questões ambientais.



Ao retratar a gigante árvore da espécie samaúma, Araquém buscou - como sempre faz em suas “andanças” - chamar atenção para a causa maior, a mais real e premente necessidade de preservação. Nas distintas paisagens brasileiras onde esteve – Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, dentre outras – a intenção sempre foi a de alertar para a preservação do meio natural. Seja na luta pela vida de uma onça em pleno rio ou na dificuldade diária que enfrenta um tradicional coletor de piaçava em águas da floresta amazônica, Araquém, que acaba de ser eleito um dos dez fotógrafos brasileiros da década pela revista Photo Magazine, não se cansa de seguir caminho natureza adentro. O reconhecimento se deu pelo conjunto de sua obra, que inclui 42 livros publicados.





E, se para alguns, este número parece ser o indicativo de uma carreira com um fim próximo, para o colecionador de mundos, soa apenas como um começo. Até o final deste ano, novas obras estão previstas para reforçarem a constante luta pela valorização da terra. A natureza agradece.