PAUL MCCARTNEY, ALFACES E GAFANHOTOS

Como o ex beatle aderiu a causa vegetariana.

Quem acompanha a história da música pop, desde os tempos de Elvis Presley aos dias atuais, percebe que nenhum astro consegue se manter no topo por muito tempo sem determinados “assuntos” que apimentam na mídia. Escândalos, confusões, cadeia, droga, críticas a religiões e bebedeiras são praticamente lugar comum nesse arsenal de motivos midiáticos que os ídolos, de Jimmy Hendrix a Britney Spears, escolhem para acompanhar as suas rebeldias. A cinquentona pop Madonna é prova viva disso: são incontáveis os escândalos e confusões que ela conseguiu pautar para sobreviver na mídia. No entanto, tem também a “turma dos bonzinhos”, que prefere ser  politicamente correta e defender ideais. Quem não se lembra do Sting best friend do cacique Raoni,  e do Bono Vox, que é quase uma ONU ambulante?
Paul McCartney tem também sua causa: aos 70 anos de idade, defende publicamente há algumas  décadas a sua opção VEGANA, isto é, de não se alimentar de nenhum produto de origem animal. Porém, no caso dele, a história é diferente: se não bastasse ele ser uma das maiores fortunas do show business mundial, o ex-Beatle é uma verdadeira entidade que está mais para ajudar alguma causa, do que propriamente se beneficiar dela. Fora isso tudo, defender o vegetarianismo nos dias de hoje, que para os olhos de poucos pode ser considerado correto, para uma grande e barulhenta maioria, é na verdade uma piada pronta. Afinal, gracinhas, trocadilhos e questionamentos repetitivos é o que não faltam. Caso você tenha algum amigo vegetariano, pergunte a ele.



Quando o então Beatle Paul conheceu Linda Eastman, uma conhecida fotógrafa de bandas de rock (casaram-se em 1969 - o que seria para Paul o amor da sua vida), ele ainda se alimentava de carne e outros produtos de origem animal. Após tantos anos vivendo a atribulada agenda dos Beatles, o casal se refugiou na casa de campo de McCartney e redescobriram o prazer de uma vida mais simples, conectada à natureza. Foi dessa forma que eles se interessaram pelo vegetarianismo: os animais que eles carinhosamente cuidavam na fazenda abriram os olhos pelo sofrimento dos outros animais que eles se alimentavam.



Eles, que até então nunca tinham se engajado em nenhuma causa, se sentiram fortemente tocados pelo sofrimento dos animais. Nascia aí a causa que norteou a sua vida. Linda e Paul sabiam que era inevitável o consumo de carne pela humanidade, uma vez que esta é a estrutura de alimentação predominante, e que a briga por esta causa somente com o tempo ganhará coro e passará a ser  mais aceita e assimilada. Enquanto essa revolução toda não é possível, defenderam a ideia de que, enquanto o animal criado para corte estivesse vivo, ele deveria receber tratamento ético e digno, e que o abate deveria ser feito de forma respeitosa, minimizando o sofrimento do animal. A causa, dada a visibilidade de ambos, ganhou grande projeção internacional, e Linda a defendeu até os últimos da sua vida, mesmo quando já padecia do câncer de mama, em 1998.



Paul acredita que qualquer revolução ganha força quando é feita de forma sutil e com exemplo, e não com dogmas ou apregoamentos proibitivos e violentos. Para isso, ele não só não se alimenta com nenhum produto de origem animal, e isso inclui o consumo de couro e outros subprodutos animais, como também pede gentilmente para que não sejam comercializados em suas turnês estes mesmos produtos. Para ele, dessa forma é possível suavemente plantar uma mudança e, aos poucos, criar uma consciência ou, no mínimo, levantar a discussão, que para ele é o que podemos fazer no momento.
Porém, para quem está de fora e não sabe detalhes desta história, é muito mais fácil acreditar que o mega pop star Paul McCartney faz tudo isso para receber uma mídia extra. O contexto é muito diferente, e muito mais sincero.



 


Paul McCartney em sua turnê Out There, que passou pelo Brasil, apresentou-se em três capitais: Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza. No dia 06 de maio, no show de Goiânia, aconteceu o inesperado: uma nuvem de gafanhotos e louva-deus foi encontrar com o ex-Beatles ao vivo, no palco. O que poderia ser um grande constrangimento e atrapalhar o próprio desempenho da banda, foi uma verdadeira prova de elegância e cavalheirismo. Paul entendeu que os insetos que ali estavam eram seus companheiros de apresentação. De todos, um especificamente o acompanhou em seu ombro durante boa parte da apresentação. Ele foi batizado pelo músico como Harold e ainda fez as vezes de um ventríloquo, pedindo a opinião do animal ao decorrer do show. Essas pequenas atitudes mostram o que se enconde por trás de um mito e muito além, mostra seu verdadeiro comprometimento em favor da natureza e de todas as suas manifestações.

COMENTÁRIOS

  • Gabriella Saback - 13/05/2013 19h09
    Excelente texto! Entretém e nos faz pensar a respeito. E por falar em respeito, não é á toa mesmo que Paul é Paul! Parabéns!
  • Vera Bergerot - 13/05/2013 15h37
    PAUL MCCARTNEY faz parte de um grupo muito pequeno de indivíduos, no qual só circulam os verdadeiramente nobres de espírito. Basta observar sua postura diante do mundo. Excelente artigo, parabéns. Vera.

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