INTERVENÇÕES ARQUITETÔNICAS EM VITRINES LONDRINAS

Daniel Mangabeira fala sobre a parceria entre o Royal Institute of British Architects com algumas lojas para criação de novas vitrines.

O RIBA – Royal Institute of British Architects, organizou em conjunto com seis lojas da famosa Regent Street em Londres, uma intervenção arquitetônica em suas vitrines. Oitenta arquitetos de todo o Reino Unido se candidataram para a tarefa de intervir de forma criativa e original nas vitrines e fachadas, respeitando-se os orçamentos estipulados pelas empresas que faziam parte do programa. Seis profissionais, entre arquitetos e arquitetas, foram selecionados para desenvolverem os projetos juntos com Ferrari Store, Esprit, Jack Spade, Karen Millen, Moss Bros e TopShop. O resultado dessa simpática iniciativa do RIBA rendeu vitrines inusitadas, tecnológicas, artesanais, coloridas e definitivamente interessantes.
A vitrine da Ferrari foi desenvolvida pela empresa Gensler, com filial também em São Paulo. A fachada foi divida em dois lados: um lado expôs um coração pulsante, representando a emoção da marca italiana e o outro lado apresentou o cérebro da Ferrari, tendo como pano de fundo traços de um carro de fórmula 1. Estes foram os dois pontos focais da vitrine que misturou tecnologia e escultura em um trabalho simples porém marcante.





A vitrine da Esprit foi desenvolvida pela NaganJohnson Architects que interviu não apenas na fachadas, mas também no interior da loja. Com a chegada da primavera em Londres, a arquiteta paisagista Deborah Nagan decidiu fazer uma onda de madeira no hall de entrada, misturando processos artesanais e criando uma atmosfera tropical praiana em um país onde as praias são quase todas de pedra e onde o calor ainda tardará a chegar. Um contraste interessante.





A marca Jack Spade contou com o trabalho de Carl Turner para desenvolver a menor de todas as vitrines dentre as lojas inscritas neste programa. Com um projeto simples, lúdico e elegante, ele tentou reproduzir as características dos produtos da marca, que são conhecidos por serem descolados, mas ao mesmo tempo discretos e bem acabados.





Artur Manou-Mani foi o responsável pela criação da maior vitrine dentre as seis lojas. Com um tecido rugoso marcante, ele criou uma escultura que percorreu todos os espaços da loja, conectando visualmente e espacialmente diversos ambientes da loja Karen Millen. O aspecto era de um organismo vivo, interagindo com os manequins e com as roupas desta empresa que tem filiais em quase todas as grande capitais do mundo, menos na América do Sul.





A Moss Bros apresentou a fachada mais “arquitetônica” da mostra, com um interessante jogo de volumetrias, criando uma textura que teve como fonte as dobraduras feitas pelos alfaiates na confecção de moldes para terno. Chama a atenção o perfeito encaixe das peças que criam um biombo resistente e de volumetria rica. A ideia dos ‘AY Architects’ foi fazer uma vitrine monocromática, onde o destaque seria a roupa, mas o resultado foi tão marcante e bonito que as roupas atuaram apenas como peças coadjuvantes.





Por último, mas não menos importante, uma das mais marcantes vitrines da mostra foi a da TopShop. Os dois jovens arquitetos da Neon apresentaram à loja um dos mais complexos projetos da mostra e eles aceitaram. Com a única proposta interativa dentre as vitrines e também com o maior dos espaços para intervenção, a TopShop executou a vitrine que representou a exposição em todos os meios de comunicação aqui no Reino Unido. Foi sem dúvida a vitrine mais ousada e exagerada deste evento promovido pelo RIBA – Royal Institute of British Architects.




Fotos: Daniel Mangabeira

Mixando diversos áreas de atuação artística, o Instituto de Arquitetos Britânico apresentou ao mercado mais um atributo do profissional arquiteto, operando uma pequena exposição de arte nestas lojas. É óbvio que o profissional vitrinista no Brasil faz trabalhos incríveis, mas essa iniciativa não deixa de ser instigante por romper com parâmetros definidos entre a arte, arquitetura, design de interiores, design de maneira geral e ‘vitrinismo’. Interessante iniciativa para ser adaptada em terras tupiniquins. Detalhes finais: todas elas foram montadas em apenas uma noite e todos os arquitetos foram remunerados pelo seus trabalhos.

COMENTÁRIOS

  • HÉLIO ALBUQUERQUE - 15/05/2013 02h32
    Daniel sempre nos brindando com deliciosas matérias. Sua percepção e sensibilidade nos convidam sempre a compartilhar àquilo que ele prazerosamente disserta. Pude observar "in loco" algumas dessas vitrines, e fiquei especialmente impressionado com a qualidade na produção e o primor na execução de cada um desses trabalhos. A pé, de ônibus ou carro, nosso olhar era naturalmente atraído, mesmo que por alguns instantes, a contemplar a beleza dessas inquestionáveis obras de arte.
  • Liza Fleury - 13/05/2013 11h30
    Adorei a matéria!

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