OS ESTÁDIOS DA COPA NO BRASIL

Conheça os projetos arquitetônicos dos estádios que irão sediar os jogos da Copa do Mundo de Futebol aqui no Brasil.

Toda vez que se realiza uma Copa do Mundo de Futebol, o país sede se preocupa em passar seus valores, cultura e identidade nacionais para o exterior através da construção dos estádios: a forma como foram concebidos, o uso de materiais sustentáveis ou não, as cores empregadas nas estruturas e a futura reutilização após a Copa sinalizam em que os países acreditam, e querem transmitir ao mundo. A arquitetura, então, acaba se fazendo fortemente necessária para criar estes novos símbolos nacionais que transcendem o futebol.
Os nossos 12 estádios escolhidos para a Copa do Mundo no Brasil de 2014 estão sendo reformados desde 2010, e outros serão praticamente levantados do chão. No mito grego, o herói Hércules precisa realizar 12 trabalhos muito difíceis para merecer entrar no Olimpo. Assim como no mito, o Brasil precisa entregar os 12 estádios sede dos jogos do megaevento da Copa de 2014 para fazer bonito diante da poderosa Fifa e brilhar diante da comunidade esportiva mundial. Cada um deles precisa estar adequado às normas internacionais, ser confortável, ter acessibilidade e ser ecologicamente correto, dentre outras qualidades. O desafio dos profissionais que criaram e estão desenvolvendo esses projetos vai além da pressão do tempo e da disponibilidade de verba: está em criar soluções adequadas a cada cidade sede. Um trabalho verdadeiramente hercúleo.
A torcida precisa ficar mais próxima. Por isso, os fossos entre o público e o gramado e os horríveis alambrados serão eliminados, como no projeto de reforma assinado pelo arquiteto Ronald Werner para o estádio Castelão, em Fortaleza, e no projeto do escritório Fernandes Arquitetos Associados para o Arena Pernambuco, na região metropolitana de Recife, no qual o campo seguirá o modelo europeu, a céu aberto, sem alambrado nem fosso. Ambos projetos preveem também a elaboração de um plano para a orientação do crescimento urbano direcionado às áreas em que os estádios estão sendo construídos, transformando-as em centros de entretenimento,esportes, cultura, tecnologia e sustentabilidade.
Sustentabilidade, inclusive, é palavra de ordem na maioria dos projetos. A modernização do Mineirão em Belo Horizonte, um projeto do escritório de arquitetura Gustavo Penna em parceria com a GMP,  revê a implantação, durante a operação do estádio, de sistema de captação de água de chuva, com capacidade de armazenamento de 6 milhões e 270 mil litros. Volume suficiente para suprir a antiga necessidade de consumo de água mensal do estádio. O novíssimo Arena Fonte Nova, construído após a demolição do tradicional estádio Fonte Nova, também buscou estes elementos. Dentro do conceito de construção sustentável da Fifa, o novo estádio visa atender os princípios de economia de água, reuso de esgoto tratado, aproveitamento da chuva para irrigação, reciclagem do lixo gerado, sustentabilidade energética e ventilação e iluminação naturais. Todo material do estádio antigo será reutilizado, diminuindo a produção de resíduos e o custo final da obra.
Outros projetos se destacam pela brincadeira com as formas dos estádios e a cultura local. O projeto do escritório alemão GMP para o Arena Amazônia aproveita o tema regional para propor um design diferenciado imitando as linhas do trançado de palha com as peles de cobras e lagartos da Amazônia, além da cobertura retrátil, a exemplo daquela do estádio de Frankfurt. O escritório norte-americano Populous, responsável pelo Estádio das Dunas, em Natal, projetou um estádio que ondula em resposta às condições climáticas do local, obstruindo a luz solar direta nos espectadores, e permitindo a circulação de ar dentro das “cascas” do edifício. As camadas superiores terão lugares separados em blocos de assentos, criando uma discreta separação de grupos de espectadores. Estas camadas estarão ligadas através de uma confluência contínua ondulada que se ergue para o lado oeste para permitir dois níveis de instalações para VIPs. Todo esse arranjo dá ao estádio uma forma dramática assimétrica que lembra as dunas de areia da região que emolduram o cenário.
O pós-Copa foi outro quesito levado a sério em vários projetos, e o Arena Pantanal de Cuiabá trouxe a melhor solução para isto. A novidade são as arquibancadas e a cobertura desmontáveis usadas neste projeto premiado que, após o mundial, poderão ser utilizadas como um espaço multiuso para shows, eventos e feiras.
As estruturas dos estádios, fixas ou móveis, seguem padrões rigorosos determinados pela Fifa e, por
isso, grandes reformas se fizeram fundamentais. De propriedade do Sport Club Internacional, o Beira-Rio em Porto Alegre será reformado e ganhará uma nova cobertura em estrutura metálica que abarcará todos os lugares do estádio, inclusive as rampas e os acessos aos portões. O Maracanã, por sua vez, é um desafio para a arquiteta Cátia Castro, pois internamente o estádio passará por uma alteração de formato, melhorando a visibilidade em grande parte dos assentos. Outra mudança importante será o ângulo das cadeiras que deverá ser modificado para favorecer a vista do campo, e a distância entre elas aumentará de 48 para 50 centímetros, mais uma requisição da Fifa. A capacidade do estádio será reduzida de 86 mil torcedores para 76 mil, e o tempo de evacuação do estádio também terá que diminuir dos atuais 20 minutos para sete. Tudo sem modificar a aparência na parte exterior do prédio que é tombado.
O desafio que se apresenta, apesar de enorme, traz também uma grande oportunidade para os brasileiros provarem sua capacidade de organização, planejamento e realização de megaeventos esportivos mundiais. Não deixa de ser também uma vitrine para os profissionais que trouxerem soluções arquitetônicas diferenciadas, inovadoras e sustentáveis. É a nossa chance de chegar ao Olimpo!

ARENA FONTE NOVA - SALVADOR


A nova arena substituirá o estádio Fonte Nova (demolido), mantendo a geometria oval e a abertura para o Dique de Tororó. Terá 50 mil lugares e três anéis de arquibancada e sua capacidade poderá ser ampliada para até 65 mil. O projeto, que tem orçamento previsto de R$ 591 milhões, é do escritório Setepla Tecnometal e Schulitz+Partner e ocupará uma área de 12 mil metros quadrados com camarotes, centro de negócios e restaurante com vista panorâmica. Além de partidas de futebol, a Arena Fonte Nova poderá ser utilizada para a realização de outros eventos, como shows musicais, congressos e encontros de negócios.

ESTÁDIO CASTELÃO - FORTALEZA


A reforma do Castelão, projeto do escritório Vigliecca & Associados, visa também revitalizar o bairro do Passaré, em Fortaleza. O estádio terá 66 mil lugares, estacionamento, centro olímpico, piscina e ginásio multiuso, além de geração de energia eólica. Pretende receber uma das semifinais da Copa. A área em volta do estádio terá pés de carnaúba (palmeira típica da região), novas rampas de acesso serão colocadas, e as cadeiras serão retráteis. Ainda na região haverá hotel, cinema, restaurante e lojas. A previsão de investimento é de R$ 486 milhões.

ARENA PERNAMBUCO – SÃO LOURENÇO DA MATA


Localizada em São Lourenço da Mata, a 19 km do Recife, a nova arena foi projetada pelo escritório Fernandes Arquitetos Associados. Uma série de empreendimentos está sendo concebida para a região do entorno da obra. A arena terá 46 mil lugares e estacionamento para seis mil carros, com área total construída de 129.581 metros quadrados e custo estimado de R$ 494 milhões. Terá cinco tipos de arquibancada, camarotes e tribuna de honra cobertos. Será dotada de assentos individuais, numerados e à prova de fogo, sinalização interna e externa trilíngue e sistema de monitoramentopor câmeras.

ARENA PANTANAL - CUIABÁ


A Arena Pantanal em Cuiabá é um projeto premiado da GCP Arquitetos. Terá capacidade para 43.600 espectadores, com arquibancadas e cobertura desmontáveis. Poderá ter redução de até 30% da capacidade após o Mundial. O projeto tem uma série de recursos para atender à certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) de sustentabilidade. O investimento previsto é de R$ 596 milhões.

ESTÁDIO DAS DUNAS - NATAL


O projeto básico do novo estádio de Natal foi concebido pela empresa internacional Populous Architects e, de acordo com ele, a forma do estádio lembrará as dunas de areia da região. O investimento previsto é de R$ 400 milhões e o projeto englobará um complexo multiuso com hotéis, teatro, estacionamento para seis mil veículos, prédios comerciais e um shopping, além dos Centros Administrativos do Estado e do Município, oferecendo total conforto e facilidades aos visitantes

ARENA CORINTHIANS – SÃO PAULO


O projeto do escritório carioca CDCA para o novo estádio do Corinthians, conhecido como Itaquerão, ocupa uma área de 200 mil metros quadrados no bairro de Itaquera, zona leste da cidade. Como a FIFA confirmou o interesse no estádio, que vai receber o jogo de abertura e uma das semifinais do evento, o projeto deve atender a 68 mil pessoas, capacidade necessária para o jogo inaugural. Com fachada em material translúcido que impede a entrada de luz solar diretamente, interligação por rampas em todos os pavimentos e espaço para realização de feiras e congressos, o Itaquerão será uma construção multifuncional. Este projeto recebeu em 2011 o VIII Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa em duas categorias: esportes e melhor projeto arquitetônico do Brasil.

ARENA AMAZÔNIA - MANAUS


A nova arena substituirá o estádio Vivaldo Lima (Vivaldão). O projeto é de autoria do escritório alemão GMP, e inspira-se em elementos da cultura, da fauna e da flora amazonenses. Toda a água da chuva será reaproveitada, haverá resfriamento geotérmico com uso de bioetanol, e ventilação natural projetados para auxiliar na redução do consumo energético. Com capacidade para 60 mil torcedores, o orçamento previsto passa de R$ 533 milhões.

ARENA DA BAIXADA – CURITIBA


A modernização da arena curitibana é de responsabilidade da Carlos Arcos Arquitetura. A reforma da Arena da Baixada aumentará bastante o número de espectadores, passando de 25 mil a 41 mil lugares, e fará dele o primeiro estádio do Paraná com rede wi-fi. A conexão sem fio facilitará a vida de jornalistas e torcedores. Para as obras (construção do quarto lance de arquibancadas e da cobertura), o município liberou créditos de potencial construtivo de R$ 90 milhões para o Atlético-PR.

ESTÁDIO BEIRA-RIO – PORTO ALEGRE


Projeto do escritório Hype Studio, a reforma do estádio porto-alegrense compreende: cobertura metálica, suportada por 65 módulos de 23 metros em forma de asa, e capacidade de 62 mil lugares. Integra um projeto de renovação urbana em toda a região ribeirinha. Projetada em módulos, a nova estrutura irá agilizar a construção, permitindo que seja feita em etapas, sem necessidade de interdição do estádio. Serão criadas oito mil vagas para estacionamento, novas cabines de imprensa, lojas, restaurante panorâmico, áreas de lazer e praça de alimentação. Orçamento previsto R$ 290 milhões.

ESTÁDIO MINEIRÃO – BELO HORIZONTE


Projeto do arquiteto Gustavo Penna em colaboração com a empresa alemã GMP, a modernização do Mineirão, que vai receber uma das semifinais da Copa, inclui construção da cobertura, vestiários e arquibancadas, estacionamentos, esplanada entre o estádio e o ginásio Mineirinho, que passará por uma renovação. Está prevista também a produção de energia por meio de células fotovoltaicas. Todos os resíduos resultantes das intervenções estão sendo reaproveitados, em acordo com o conceito de Estádio Verde. Tem capacidade para 70 mil pessoas e investimento previsto de R$ 684 milhões.

ESTÁDIO MARACANÃ – RIO DE JANEIRO


Projeto da empresa pública Emop (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro), com autoria da arquiteta Cátia Cristina de Oliveira Castro, a reforma do Maracanã, onde será realizada a final da Copa de 2014, compreende a redução da capacidade a 76 mil lugares, reconstrução da arquibancada inferior, geometria oval (para melhorar a curva de visibilidade), 108 camarotes e acesso por uma rampa monumental. Quatro novas rampas serão construídas e as duas rampas atuais serão ampliadas para atender às determinações da Fifa. É considerada a obra mais cara e uma das mais polêmicas, com um orçamento inicial de R$ 859 milhões, mas podendo chegar facilmente a 1 bilhão de reais.

ARENA MANÉ GARRINCHA – BRASÍLIA


O escritório Castro Mello Arquitetos e a empresa alemã GMP assinam o projeto de reforma da nova arena Mané Garrincha, com 71 mil lugares, que se transformará em multiuso. A arquitetura do novo estádio, no qual acontecerá a disputa do terceiro lugar da Copa, irá reproduzir as formas da cidade, um dos maiores acervos de arquitetura moderna do mundo. O projeto inclui estacionamentos, área de apoio, vestiários, lojas, ampliação de arquibancadas, teto retrátil e espaço para cinema e escolas. O orçamento previsto é de R$ 671 milhões.

COMENTÁRIOS

  • Daniel - 22/01/2021 03h11
    Roubaram e estorquiram nós os brasileiros construindo esses estádios Sem hospitais Sem escolas Sem moradia Mas temos estádios
  • Arq. Rui Rego - 13/07/2014 12h29
    ...estádios são sempre obras monumentais!!!...não tendo ainda visitado nenhum destes Magníficos Projectos...estamos com Viagem Marcada para a visita ao Estádio de Brasilia em Agosto...deixaremos após esta visita as nossas impressões. Arq. Rui Rego - RSNR-ARQUITECTOS

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