O charme do cobogó

Elemento se tornou uma tendência forte e representa inúmeras possibilidades para layouts internos e externos

Publicado em: 28/06/2017
Um elemento arquitetônico que tem a cara da vida nos trópicos. De origem nordestina e inspiração árabe, o cobogó rompeu os limites territoriais para se tornar um elemento imprescindível e cada vez mais presente na arquitetura contemporânea. Uma das maiores influências do seu design vem das formas geométricas e da força decorativa dos muxarabis, estruturas de madeira entrelaçadas utilizadas na arquitetura árabe para proteger os ambientes da incidência de luz e as mulheres de serem vistas da rua.

Patenteada nos anos 1920, originalmente em concreto e cerâmica esmaltada, o cobogó é uma criação do comerciante português Amadeu Oliveira Coimbra, o alemão Ernst August Boeckmann e o engenheiro pernambucano Antônio de Góes. Os três, residentes em Recife e com ofício na construção civil, buscavam uma forma de erguer paredes sem cobrir totalmente a entrada de ar. Não demorou a que a ideia se popularizasse. Interessante ressaltar que o nome da invenção se deu pela junção da primeira sílaba dos sobrenomes dos seus criadores.

Apesar do surgimento no Nordeste, a inspiração árabe, o cobogó foi amplamente difundido pelo arquiteto Lúcio Costa, que inseriu referências coloniais ao inserir o item em suas obras. Brasília é um exemplo da versatilidade e da força do cobogó na década de sua construção, com diversas casas e prédios com a estrutura em destaque. Os edifícios erguidos super quadras sul e norte da capital federal entre os anos de 1960 e 1970 trazem os cobogós em substituição aos brises nas fachadas posteriores. Sua utilização representa mais volumes às estruturas, que inicialmente chamavam a atenção por sua uniformidade.

No mesmo período em que os cobogós de concreto davam a cara de Brasília, espalhando-se pelos quatro cantos da cidade, eles começaram a aparecer também nos projetos de interior em diversas partes do Brasil. Eles, então, deixam de ser elementos somente encontrados em varandas, corredores e fachadas, mas se tornam opções de divisórias, contribuindo para ampliar e dividir espaços, assim como para uma melhor ventilação em apartamentos.

Para a empresária Fernanda Bastos, nome à frente da Munó Acabamentos, o cobogó encanta por suas muitas funções. “Estudamos muito este segmento de produto, e descobrimos que seu uso em países tropicais é ainda mais interessante, pois com a incidência solar, ele se torna uma luminária urbana, com suas sombras desenhando no piso o estilo do projetado”, garante. Ela ainda complementa que não vê a tendência se dissipar tão cedo.

Por possibilitar tantas repaginações, o cobogó é uma excelente opção para imprimir a personalidade do morador na decoração, como indica a empresária. Nos ambientes internos, ele pode ser colocado próximo a uma parede espelhada, por exemplo, o que vai dinamizar o layout e ampliar o espaço. Uma opção bastante refrescante e sofisticada muito utilizada é o cobogó com cortinas de voil por trás. Outra alternativa que garante aconchego e frescor é o uso do cobogó junto do projeto paisagístico, de forma que as plantas possam ser vistas através da peça.

A versatilidade do cobogó garante um leque infinito de possibilidades, mas algumas ressalvas podem ser interessantes para melhor aproveitamento do item. É de extrema importância realizar um estudo sobre o local em que o cobogó será inserido, assim como analisar as particularidades do material escolhido para a estrutura. “Os (cobogós) de cerâmica e madeira não lidam muito bem com sol e chuva, mas ficam maravilhosos em ambientes internos despojados. Os cimentícios têm uma espessura maior, e ficam lindos interna e externamente”, aponta Fernanda.



Casa do Balão Vermelho, por Leo Romano

Você pode saber mais sobre este universo amplo e criativo do Cobogo, conheça nosso artigo A origem do cobogó. Clique aqui!


Projeto com cobogós em área externa assinado pela arquiteta Camila Oliveira


Cobogó harmonizado com paisagismo neste projeto de Aline Santos


O arquiteto Leo Romano apostou no tom de branco os elementos vazados neste projeto


A arquiteta Luciana Duarte utilizou o cobogó na parede deste projeto, deixando a área externa à vista da interna


A profissional inseriu o cobogó como divisória e apostou no amarelo para aquecer o layout


Em azul, cobogó serviu como estrutura para este pavilhão em Brasília


Edifício de Brasília com fachada inteiramente estruturada com os elementos vazados


Edifício em Brasília com dinamismo geométrico por meio dos cobogós na fachada

Caso  você queira assistir na pratica a aplicação do cobogó, recomendamos o mini documentário ALEX HANAZAKI que está no ar de forma gratuita no portal do role design, no youtube :